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Zé Carioca

Zé Carioca
Martha Medeiros
Revista O GLOBO – 20 de janeiro 2008 - ELA DISSE

Walt Disney criou o personagem Joe Carioca – que aqui virou José Carioca, vulgo Zé – em 1943, para o filme “Alô, amigos”, que, além de mostrar o personagem circulando pelo Rio de Janeiro, tinha em sua trilha sonora preciosidades como “Aquarela do Brasil” e “Tico-Tico no fubá”. Toda essa bajulação dos estúdios Disney tinha um propósito: conquistar a simpatia do governo brasileiro para que este apoiasse os Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial. Mas aconteceu mais do que isso: o personagem sobreviveu à guerra e ganhou revista própria.
Quem é Zé Carioca? Um sujeito folgado, malandro, golpista, alérgico a trabalho, que passa cheques sem fundo, foge de cobradores e paquera todas as mulheres. Será que era essa a visão que a Disney tinha de nós, habitantes de um longínquo país latino-americano? Consta que na versão original criada pelos gringos, Zé Carioca não era tão gaiato assim. Quem lhe deu essas características, digamos, folclóricas, foram os próprios desenhistas e redatores brasileiros, quando começaram a editá-lo aqui. E acertaram na mosca, porque o personagem passou a ser um dos mais populares do grande elenco que compunha os gibis. Fosse um Zé Certinho, encalharia nas bancas.
Caricatura à parte, quem é, afinal, essa entidade, o carioca? Quem são os Zés, Betos e Suélens Cariocas, que circulam pelas ruas e morros, que trabalham e sambam no pé, que contam piadas e fogem de balas perdidas?
Carioca virou um adjetivo. Ela é carioca, portanto, bonita, sensual, alegre, festiva musa. E ele? É carioca também, mas a condescendência é menor. Há quem diga que eles, os rapazes, são bons de futebol, mas ruins de escritório. Bons de chope, mas ruins de segunda-feira. E assim o resto do país vai mitificando esses boas-vidas, sem deixar de invejá-los, é claro.
Os cariocas vivem num eterno verão. Chinelinho de dedo, bermudinha, vestidinho, qualquer diminutivo os veste. Uma caixa de fósforos se transforma em pandeiro, uma faixa de areia vira passarela. Que é aquela que cruzou a esquina? A Luana!!! O cenário da novela é a cidade, ouve-se música saindo de todos os cantos e há sempre bom teatro em cartaz. De botecos a livraria, nada prescinde de charme. Andar de bicicleta, correr, caminhar: as pernas do Rio são as mais belas porque as mais incansáveis. O sotaque é forrrte, o cristo é insone e os ônibus passam voando: o trânsito é maluco, o.k., mas quem não é maluco?
O que têm eles em comum com o Zé Carioca das revistinhas? A malandragem parece estar mais no suingue do corpo do que na maneira de esgrimir o caráter, e golpista é uma palavra desaforada demais para rotular um povo cujo único “crime” é abominar gravatas. Passadores de cheque sem fundo? Paqueradores natos? Qualquer pessoa com mais de 12 anos sabe que nada é o que parece ser. O carioca pode ser tudo isso e nada disso. Quem vai arriscar resumi-lo?
Adriana Calcanhoto, que é gaúcha, chegou bem perto da essência dessa turma, e fechou a questão na música que compôs para homenagear os habitantes do Rio. Diz a letra: “Cariocas não gostam de sinal fechado.” Se entendermos por fechado tudo o que é rígido, tudo o que impede a passagem, então a frase é perfeita. Abram alas para os cariocas do nosso imaginário e para os cariocas que ultrapassam nossa imaginação, para os Zés dos quadrinhos e para todos os outros que não são enquadráveis, cultivemos esses seres mitológicos que podem até ser irreais, mas que tornam nosso país bem mais adorável.

Pontes Indestrutíveis - Música

Pontes Indestrutíveis
Charlie Brown Jr

Buscando um novo rumo que faça sentido nesse mundo
louco com o coração partido.
Tomo cuidado para que os desequilibrados não abalem
minha fé pra eu enfrentar com otimismo essa loucura.
Os homens podem falar mais os anjos podem voar.
Quem é de verdade sabe quem é de mentira.
Não menospreze o dever que a consciência te impõe não
deixe pra depois valorize a vida.
Resgate suas forças e se sinta bem, rompendo a sombra
da própria loucura.
Cuide de quem corre do seu lado e de quem te quer bem
Essa é a coisa mais pura.
Fragmentos da realidade estilo mundo cão, tem gente
que desanda por falta de opção.
Toda fé que eu tenho to ligado que ainda é pouco.
Os bandidos de verdade tão em Brasília tudo solto.
Eu faço da dificuldade a minha motivação.
A volta por cima, vem na continuação.
O que se leva dessa vida é o que se vive o que se faz.
Saber muito é muito pouco, "Stay Will" estejam e paz.
O que importa é se sentir bem, o que importa é fazer o bem.
Eu quero ver meu povo todo evoluir também.
O que importa é se sentir bem, o que importa é fazer o bem.
Eu quero ver meu povo todo prosperar também.
O que importa é se sentir bem, o que importa é fazer o bem.
Eu quero ver meu povo todo evoluir também.
O que importa é se sentir bem...
Resgate suas forças e se sinta bem, rompendo a sombra
da própria loucura.
Cuide de quem corre do seu lado e de quem te quer bem
Essa é a coisa mais pura
Difícil é entender e viver no paraíso perdido
Mais não seja mais um iludido
Derrotado e sem juízo, Então
Resgate suas forças e se sinta bem, rompendo a sombra
da própria loucura.
Cuide de quem corre do seu lado e de quem te quer bem
Essa é a coisa mais pura
O que importa é se sentir bem, o que importa é fazer o bem
Eu quero ver meu povo todo evoluir também.
O que importa é se sentir bem, o que importa é fazer o bem
Eu quero ver meu povo todo prosperar também.
O que importa é se sentir bem, o que importa é fazer o bem
Eu quero ver meu povo todo evoluir também.
O que importa é se sentir bem...
Viver, viver e ser livre,
Saber dar valor para as coisas mais simples
Só o amor constrói pontes indestrutíveis.

Álbum Ritmo, Ritual e Responsa, Lançamento 2007, Gravadora EMI

Martha Medeiros

A janela dos outrosMartha Medeiros

Gosto dos livros de ficção do psiquiatra Irvin Yalom (Quando Nietzsche Chorou, A Cura de Schopenhauer) e por isso acabei comprando também seu Os Desafios da Terapia, em que ele discute alguns relacionamentos padrões entre terapeuta e paciente, dando exemplos reais. Eu devo ter sido psicanalista em outra encarnação, tanto o assunto me fascina.

Ainda no início do livro, ele conta a história de uma paciente que tinha um relacionamento difícil com o pai. Quase nunca conversavam, mas surgiu a oportunidade de viajarem juntos de carro e ela imaginou que seria um bom momento para se aproximarem. Durante o trajeto, o pai, que estava na direção, comentou sobre a sujeira e degradação de um córrego que acompanhava a estrada. A garota olhou para o córrego a seu lado e viu águas límpidas, um cenário de Walt Disney. E teve a certeza de que ela e o pai realmente não tinham a mesma visão da vida. Seguiram a viagem sem trocar mais palavra.

Muitos anos depois, esta mulher fez a mesma viagem, pela mesma estrada, desta vez com uma amiga. Estando agora ao volante, ela surpreendeu-se: do lado esquerdo, o córrego era realmente feio e poluído, como seu pai havia descrito, ao contrário do belo córrego que ficava do lado direito da pista. E uma tristeza profunda se abateu sobre ela por não ter levado em consideração o então comentário de seu pai, que a esta altura já havia falecido.

Parece uma parábola, mas acontece todo dia: a gente só tem olhos para o que mostra a nossa janela, nunca a janela do outro. O que a gente vê é o que vale, não importa que alguém bem perto esteja vendo algo diferente.

A mesma estrada, para uns, é infinita, e para outros, curta. Para uns, o pedágio sai caro; para outros, não pesa no bolso. Boa parte dos brasileiros acredita que o país está melhorando, enquanto que a outra perdeu totalmente a esperança. Alguns celebram a tecnologia como um fator evolutivo da sociedade, outros lamentam que as relações humanas estejam tão frias. Uns enxergam nossa cultura estagnada, outros aplaudem a crescente diversidade. Cada um gruda o nariz na sua janela, na sua própria paisagem.

Eu costumo dar uma espiada no ângulo de visão do vizinho. Me deixa menos enclausurada nos meus próprios pontos de vista, mas, em contrapartida, me tira a certeza de tudo. Dependendo de onde se esteja posicionado, a razão pode estar do nosso lado, mas a perderemos assim que trocarmos de lugar. Só possuindo uma visão de 360 graus para nos declararmos sábios. E a sabedoria recomenda que falemos menos, que batamos menos o martelo e que sejamos menos enfáticos, pois todos estão certos e todos estão errados em algum aspecto da análise. É o triunfo da dúvida.

Publicado no Zero Hora.com, 16 de janeiro de 2008 N° 15481

Comprometa-se

Comprometa-se
David Simon

Quanto mais você aceitar tanto seu lado bom quanto o ruim, tanto menos crítico será para com as pessoas que o cercam.
Se estivermos dispostos a agir de forma honesta, cada relacionamento pode tornar-se um espelho.
Quando reagimos com irritação desproporcional ao comportamento de outra pessoa, isso normalmente acontece porque tal atitude espelha algo que não queremos perceber em nós mesmos. Ao identificar e aceitar as múltiplas facetas de sua natureza, você estará se capacitando a aceitar com maior facilidade as pessoas e, portanto, a viver mais em paz consigo e com as pessoas que importam em sua vida.
Sob uma perspectiva espiritual, a meta do amor consiste em enxergar você no outro e o outro em você. Este estado de consciência unificadora é a expressão da divindade na humanidade.
Ao se sentir confortável dentro de si, seu contentamento interior ajuda naturalmente aqueles que estão ao seu redor a se sentirem mais confortáveis.
Um coração repleto de compaixão transmite a mensagem: “Reconheço você... Conheço você... Aceito você. Você pode assumir um risco, indo além de seus limites normais, mas isso significa mover-se para fora de sua zona de segurança...vale a pena.
Abraçar o desconhecido nos oferece nossa maior oportunidade de crescimento pessoal, enquanto desperta nossos maiores temores.
Quando você se apaixona torna-se uma pessoa diferente...existem vários tipos de relacionamentos apaixonantes...
O amor expande nosso sentido de nós mesmos, algo que, uma vez expandido, jamais retorna a seu tamanho original. Uma vida desfrutada em amor é a única vida que vale a pena.
Como citado em Coríntios, sem amor, o conhecimento e a caridade são vazios.
Entre a fé, a esperança e o amor, o amor é maior.
Comprometa-se a amar sob todas as suas expressões. Mesmo depois de tanto tempo, o sol nunca diz para a terra, “você me deve”.
Veja o que acontece com um amor como este, Ele ilumina o céu inteiro.
Libertar-se de hábitos exige atenção focada e força de vontade. Os hábitos preenchem necessidades.
Para abandonar um comportamento indesejável, você deve substituí-lo por um que o gratifique.
A medida que você trouxer para o seu cotidiano influências que apóiem seu bem estar emocional e físico, o alívio temporário que seu antigo hábito lhe oferecia será substituído por conforto e harmonia duradouros.
Procure relacionamentos e comunidades que reforcem seu compromisso de adotar escolhas que promovam a vida.
Somos a soma das escolhas que fizemos.
Lembre-se a cada momento: todo mundo faz seu melhor, com base em seu atual estado de consciência.
Das amebas unicelulares aos seres humanos com trilhões de células, a dança da vida inclui a alternância entre pausa e o movimento.
A vitalidade e o entusiasmo são frutos de uma vida em harmonia com os ritmos da natureza.

Para que gritar?

Para que gritar?

Um dia, um pensador indiano fez a seguinte pergunta a seus discípulos:
"Por que as pessoas gritam quando estão aborrecidas?".
"Gritamos porque perdemos a calma", disse um deles".
"Mas, por que gritar quando a outra pessoa está ao seu lado?", questionou novamente o pensador.
"Bem, gritamos porque desejamos que a outra pessoa nos ouça", retrucou outro discípulo.
E o mestre volta a perguntar:
"Então não é possível falar-lhe em voz baixa?"
Várias outras respostas surgiram, mas nenhuma convenceu o pensador.
Então ele esclareceu: "Vocês sabem porque se grita com uma pessoa quando se está aborrecido?"
O fato é que, quando duas pessoas estão aborrecidas, seus corações se afastam muito.
Para cobrir esta distância precisam gritar para poderem escutar-se mutuamente.
Quanto mais aborrecidas estiverem, mais forte terão que gritar para ouvir um ao outro, através da grande distância.
Por outro lado, o que sucede quando duas pessoas estão enamoradas?
Elas não gritam. Falam suavemente. E por quê?
Porque seus corações estão muito perto. A distância entre elas é pequena.
Às vezes estão tão próximos seus corações, que nem falam, somente sussurram.
E quando o amor é mais intenso, não necessitam sequer sussurrar, apenas se olham, e basta.Seus corações se entendem.
É isso que acontece quando duas pessoas que se amam estão próximas.
Por fim, o pensador conclui, dizendo:

"Quando vocês discutirem, não deixem que seus corações se afastem, não digam palavras que os distanciem mais, pois chegará um dia em que a distância será tanta que não mais encontrarão o caminho de volta".
Mahatma Gandhi

Ilustração: Quadro O Grito (Edvard Munch, 1893)

Dez regras para ser mais feliz!

Dez regras para ser mais feliz!

1. Jogue fora os números que não são essenciais. Isso inclui a idade, o peso e a altura. Deixe que os médicos se preocupem com isso. Afinal, é para isso que são pagos!

2. Mantenha só os amigos divertidos. Os depressivos puxam para baixo.
(Lembre-se disto se for um desses depressivos !)

3. Aprenda sempre: Aprenda mais sobre computadores, artes, jardinagem, o que quer que seja. Não deixe que o cérebro se torne preguiçoso. Uma mente preguiçosa é trabalho do diabo.
E o nome do diabo é Alzheimer!

4. Aprecie as mais pequenas coisas.
5. Ria muitas vezes, durante muito tempo e alto.
Ria até lhe faltar o ar.
E se tiver um amigo que o faça rir, passe muito e muito tempo com ele(a)!

6. Quando as lágrimas aparecerem:Aguente, sofra e ultrapasse.
A única pessoa que fica conosco toda a nossa vida, somos nós próprios.
VIVA enquanto estiver vivo.

7. Rodeie-se das coisas que ama:
Quer seja a família, animais, plantas, hobbies, o que quer que seja.
O seu lar é o seu refúgio.


8. Tome cuidado com a sua saúde: Se é boa, mantenha-a.
Se é instável, melhore-a.
Se não a consegue melhorar, procure ajuda.

9. Não faça viagens de culpa.
Faça uma viagem ao centro comercial,
até a um país diferente, mas NÃO para onde estiver a culpa.

10. Diga às pessoas que ama que as ama, a cada oportunidade.
E, se não mandar isto a pelo menos quatro pessoas
- quem é que se importa?
Mas pelo menos partilhe com alguém!

Farpas

Farpas
Bruna Lombardi

Da mesma pedra somos feitos
Tu e Eu
Do mesmo talhe o nosso corte
O mesmo sulco na nossa carne.
Da mesma terra

E é por isso que sofremos dos mesmos atos.
As mesmas marcas que carregamos
O mesmo crime
E é por isso que em nós nos flui
O mesmo sangue que nos escorre
A mesma água de gosto bravo
E que trazemos a mesma febre
E a mesma sede.

O mesmo germe, é que vivemos
Do mesmo instinto
E precisamos do mesmo Grito.

E é por isso que embarcamos na mesma viagem
Tendo nas mãos os mesmos traços
O mesmo cheiro
Teu corpo e o meu.

Uma mulher

Uma mulher
Bruna Lombardi

Uma mulher caminha nua pelo quarto
é lenta como a luz daquela estrela
é tão secreta uma mulher que ao vê-la
nua no quarto pouco se sabe dela
a cor da pele, dos pêlos, o cabelo
o modo de pisar, algumas marcas
a curva arredondada de suas ancas
a parte onde a carne é mais branca
uma mulher é feita de mistérios
tudo se esconde: os sonhos, as axilas,
a vagina ela envelhece e esconde uma menina
que permanece onde ela está agora
o homem que descobre uma mulher
será sempre o primeiro a ver a aurora.

Martha Medeiros

Energia parada
Martha Medeiros
Zero Hora.com 26/12/07, nº 15460

Um novo ano está começando. Por mais cético que você seja, por mais que você não acredite que a passagem do dia 31 de dezembro para o dia 1º de janeiro provocará alguma alteração cósmica, por mais que você considere toda essa contagem regressiva uma chatice, não dá para negar que é uma época propícia para fazer um descarrego. Não estou sugerindo que você visite um terreiro para tomar passes de um preto-velho. Estou falando de um descarrego mais urbano, rápido e eficiente: abra seus armários e doe pelo menos metade do que encontrar.

Você tem roupas que usou uma ou duas vezes e que estão guardadas há anos. É bem provável que tenha que comprar algumas peças novas para encarar as festas que o verão vai trazer. Ou seja, irá acumular mais e mais roupa. Chega. Desça do cabide tudo o que não usa e faça um bazar beneficente. Venda tudo baratinho e doe a renda para uma instituição de caridade, um asilo, um orfanato, uma associação - gente necessitada é o que não falta. Inunde a cidade de reuniões ao estilo garage sale. Liquide com os excessos. Convoque os amigos, selecionem tudo o que está sobrando em casa (não vale maridos e esposas) e organize um final de semana festivo a outro modo: incentivando um consumismo de purificação. Ou seja, alivie-se das suas tralhas.

Uma amiga, outro dia, usou um termo bacana pra isso. Ela disse que tudo o que guardamos e não usamos é energia parada. Certíssima. É necessário que a gente se desfaça desse imobilismo, que a gente movimente o estoque, que abra espaço para o novo, que propicie que outras pessoas dêem utilidade para o que não nos serve mais. É preciso fazer a vida circular, passando adiante o que está inerte. Esse exercício de desapego também ajuda a limpar nossa aura.

E não precisa ser um desapego só de roupas. Pode ser uma doação de livros. De medicamentos com prazos ainda válidos. De revistas antigas. Louça que você não usa mais só porque está lascada. Móveis que estão abandonados num depósito à espera de um interessado. O que mais dá em árvore no Brasil: interessados.

Aproveite e limpe também sua caixa de e-mails, renove sua agenda de telefones, peça desculpas para as pessoas com quem brigou neste ano (mágoas e rancores também são energia parada) e escancare as janelas: hora de arejar a vida.

É um outro tipo de expectoração. De esfoliação. De despacho. Sério, desfazer-se do que não precisamos ajuda até mesmo a organizar o nosso pensamento, deixa a cabeça mais leve, as idéias mais claras. E essa movimentação toda ainda vai fazer você perder alguns gramas. Finalmente, uma anorexia do bem, uma compulsão generosa.

Resolução de fim de ano: botar a casa abaixo, libertar-se do acúmulo de tranqueiras e sair deste 2007 carregando menos peso.

Ilustração: Quadro de Salvador Dali: Hour of the Monarchy, 1969

A prisão do apego

A prisão do apego
:: Elisabeth Cavalcante ::

O apego a coisas, pessoas e situações é um dos mais fortes obstáculos ao nosso processo de individuação. Conectar-se com nosso verdadeiro ser e direcionar nossa vida por sua sabedoria, implica, necessariamente, em que nos libertemos de toda forma de apego.
O apego é uma armadilha da mente e do ego que nos faz acreditar que sem a pessoa, o objeto ou a situação à qual nos apegamos, jamais poderemos ser felizes.
Nas relações afetivas é onde a dependência e o apego mais nos enredam. Acreditamos, de forma ilusória, que nossa felicidade depende daquela pessoa, e que ao ausentar-se de nossa vida, ela leva consigo toda e qualquer possibilidade que temos de sermos felizes.
Necessitar de alguém como do ar que é essencial à nossa sobrevivência, é uma doença emocional, da qual só podemos nos curar se tivermos consciência do problema e agirmos no sentido de alcançar a libertação.
Enquanto não nos convencermos de que ninguém, a não ser nós mesmos, pode garantir nossa serenidade e nosso equilíbrio interior, continuaremos presas fáceis das armadilhas do apego.
Visto que é impossível controlarmos a mente do outro, seus desejos e necessidades, colocar nossa chance de felicidade na dependência de suas atitudes é o caminho mais fácil para o sofrimento.
Libertar-se exige o desenvolvimento de nossa auto-estima e uma profunda confiança de que sempre será possível renascermos para uma nova vida, desde que estejamos abertos para isto com o entusiasmo e a alegria de uma criança.

Amor e a capacidade de estar só
Você deveria ser capaz de estar só, completamente só e, ainda assim, tremendamente feliz. Então, você pode amar. Então, seu amor não é mais uma necessidade, mas um compartilhar, não mais é uma carência. Você não se tornará dependente das pessoas que você ama. Você compartilhará - e compartilhar é bonito.Mas o que comumente acontece no mundo é: você não tem amor, a pessoa que você pensa que ama não tem nenhum amor em seu ser também, e ambas clamam pelo amor do outro. Dois mendigos mendigando entre si. Como resultado, as brigas, o conflito, a contínua rixa entre os amantes - a respeito de coisas triviais, coisas imateriais, coisas estúpidas! Mas continua-se brigando.
O conflito básico surge porque o marido acha que não está recebendo o que tem direito de receber, a mulher acha que não está recebendo o que tem direito de receber. A mulher acha que foi enganada e o marido também acha que foi enganado. Onde está o amor? Ninguém está preocupado em dar, todo mundo quer receber. E quando todo mundo está atrás de receber, ninguém recebe. E todo mundo se sente perturbado, vazio, tenso.
A fundação básica está faltando, e você começa a construir o templo sem a fundação. Ele irá cair, desabar a qualquer momento. E você sabe quantas vezes seu amor ruiu. E, ainda assim, você prossegue fazendo a mesma coisa repetidamente. Você vive em tal grau de inconsciência! Você não vê o que você tem feito à sua vida e à vida das outras pessoas. Você continua, como um robô, repetindo o velho padrão, sabendo perfeitamente bem que você já fez isso antes. E você sabe qual tem sido, sempre, o resultado. E lá no fundo você também está ciente de que vai acontecer o mesmo novamente - porque não há nenhuma diferença. Você está se preparando para a mesma conclusão, o mesmo colapso.
Se há algo que você deve aprender do fracasso do amor, é: torne-se mais consciente, mais meditativo. E por meditação eu quero dizer a capacidade de estar alegre sozinho. Muito raras pessoas são capazes de estarem felizes sem absolutamente nenhuma razão - simplesmente sentar-se em silêncio e completa felicidade! Os outros acharão essas pessoas loucas, porque a idéia de felicidade é que ela tem que vir de alguém. Você encontra uma linda mulher e você fica feliz, ou você encontra um homem belo e você fica feliz. Sentar-se em silêncio em seu quarto e feliz?! Feliz desse jeito!? Você deve estar louco! As pessoas vão suspeitar que você está usando alguma droga, que você está chapado.
Sim, a meditação é o LSD definitivo. Ela está liberando seus poderes psicodélicos. Está liberando seu próprio esplendor aprisionado. E você se torna tão alegre, surge uma tal celebração em seu ser, que você não necessita de nenhum relacionamento. Você pode se relacionar com as pessoas... E esta é a diferença entre relacionar-se e relacionamento: relacionamento é uma coisa: você se apega a ele; relacionar-se é um fluxo, um movimento, um processo. Você encontra uma pessoa e você ama, porque você tem muito amor disponível”.
Osho, do livro The Dhammapada.

Elisabeth Cavalcante é Taróloga, Astróloga, Consultora de I Ching e Terapeuta Floral.
Atende em São Paulo e para agendar uma consulta, envie um email.
Conheça o I-Ching
Email: elisabeth.cavalcante@gmail.com

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Martha Medeiros

Ser feliz não é pecadoMartha Medeiros
Zero Hora.com 16/12/07, n° 15450

Felicidade é ter noção da precariedade da vida, é estar consciente de que nada é fácil, é não se exigir de forma desumana e, apesar (ou por causa) disso tudo, conseguir ter um prazer quase indecente em estar vivo.



A felicidade é desprezada por muita gente. A pessoa feliz sofre o preconceito de parecer uma pessoa vazia, sem conteúdo. No entanto, algo ela tem, senão não incomodaria tanto. Será que é porque ela nos confronta com nossa própria miséria existencial? É irritante ver alguém naturalmente linda, rica, simpática, inteligente, culta, talentosa, apaixonada e, ainda por cima, magra! Essa ninfa nunca ouviu falar em insônia, depressão, dívidas, mousse de chocolate?

Os felizes ainda estão associados ao padrão "comercial de margarina", portanto, costumam ser idealizados - e desacreditados. É como se fossem marcianos, só que não são verdes. Por isso, damos mais crédito aos angustiados, aos irônicos, aos pessimistas. Por não aparentarem possuir vínculo com essa tal felicidade, dão a entender que têm uma vida muito mais profunda. Você é feliz? Não espalhe, já que tanta gente se sente agredida com isso. Mas também não se culpe, porque felicidade é coisa bem diferente do que ser linda, rica, simpática e aquela coisa toda. Felicidade, se eu não estiver muito enganada, é ter noção da precariedade da vida, é estar consciente de que nada é fácil, é tirar algum proveito do sofrimento, é não se exigir de forma desumana e, apesar (ou por causa) disso tudo, conseguir ter um prazer quase indecente em estar vivo.

O psicanalista Contardo Calligaris certa vez disse uma frase que sublinhei: "Ser feliz não é tão importante, mais vale ter uma vida interessante". Creio que ele estava rejeitando justamente esta busca pelo kit felicidade, composto de meia dúzia de realizações convencionais. Ter uma vida interessante é outra coisa: é cair e levantar, se movimentar, relacionar-se com as pessoas, não ter medo de mudanças, encarar o erro como um caminho para encontrar novas soluções, ter a cara-de-pau de se testar em outros papéis - e humildade para abandoná-los se não der certo. Uma vida interessante é outro tipo de vida feliz: a que passou ao largo dos contos-de-fada. É o que faz você ter uma biografia com mais de 10 páginas.

Se você acredita que ser feliz compromete seu currículo de intelectual engajado, troque por outro termo, mas não cuspa neste prato. Embriague-se de satisfação íntima e justifique-se dizendo que é um louco, apenas isso. Como você sabe, os loucos sempre encontram as portas do céu abertas.

Rita Lee, que já passou por poucas e boas, mas nunca se queixou de não ter uma vida interessante, anos atrás musicou com Arnaldo Batista estes versos: "Se eles são bonitos, sou Alain Delon/ se eles são famosos/ sou Napoleão/se eles têm três carros/ eu posso voar". Também faço da Balada do Louco meu hino, que assim encerra: "Mais louco é quem me diz que não é feliz".

Eu sou feliz.

A vitória

A Vitória

Quer vencer os desafios? -Confie em Deus.

Quer ser bom no que faz? -Pratique!

Quer alcançar o objetivo? -Jamais desista!

Quer crescer? -Tenha raízes.

Quer ver resultados? -Persevere.

Quer ser feliz? -Esqueça o passado.

Quer falar bem? -Escute melhor.

Quer aprender? -Persista em ler.

Quer realização pessoal? -Sirva!

Quer fazer diferença? -Pague o preço.

Aqueles que nada fazem e esperam algum tipo de vitória estão enganados.

A vitória é dos que lutam, dos que agem, dos que "saem do porto".

A vitória é dos que se arriscam para alcançar o alto da montanha.

Edilson Ramos

Diga-me quem és... E te direi com quem andas

Diga-me quem és... E te direi com quem andas
por Nelson Sganzerla - nelson.sganzerla@terra.com.br

Quero aqui fazer uma ressalva: essa frase-título não é minha, mas de um comunicador de rádio - Hélio Ribeiro - em seu livro de crônicas "O Poder da Mensagem", escrito acho que na década de 80.

Notaram como vem a calhar tal indagação? Na verdade, quem somos realmente? Como trilharemos a nossa vida aqui, no grande planeta Terra? Com o que contribuiremos para a nossa evolução ou para a evolução do próximo?

Se pararmos seriamente para pensar, são tantas as coisas que deixamos de fazer que merecemos voltar novamente nessa grande nave-mãe em sua próxima viagem ao planeta.Não vamos nos iludir: esse mundo um dia irá acabar para nós que já nos acostumamos com todo tipo de vida que se apresenta, mas irá começar para outros seres que virão e que já estão vindo. Abro aqui um parêntese para a minha afilhada - Fernanda - que acabou de chegar, com sua consciência, seu caráter já alinhavado; como ela, pessoas que chegaram depois de nós irão ver coisas que não veremos, com certeza acharão ridículos muitos costumes e valores nossos, mas vão construir, como eu, como nós, as suas histórias de vida.
Na verdade, temos que saber quem somos, e de que maneira somos, para construirmos com sabedoria e muito amor a nossa história de vida, pois será essa história que dirá quem fomos e os amigos que fizemos ao longo da nossa jornada nesse planeta.
Não consigo imaginar alguém que não procure descobrir-se, que possua uma linda história de vida. Para isso temos que ter a nossa identidade e, junto dessa identidade, temos que exercer a nossa personalidade, seja ela qual for. Portanto, não podemos de maneira nenhuma sermos mornos - “aos mornos eu vomitarei”; já escrevi um artigo a esse respeito.
Se tivermos uma postura negativa em relação à vida, pessoas negativas sempre estarão ao nosso redor. Se o nosso caminho for o de obter vantagens ilicitamente iremos ter como amigos exatamente o espelho do que somos. Não dá para fugir disso, não adianta reclamarmos; em geral atraímos pessoas que são o nosso espelho, tanto para o BEM quanto para o MAL.
Entre o mal e o bem, acho que todos, com algumas exceções, irão preferir o bem. Digo isso porque sei que muitos preferem o caminho do mal. Notem, não quero aqui ser maniqueísta, mas por isso Deus nos concedeu o livre arbítrio e o que é mal para uns, pode não ser para outros e vice-versa.
Nós, através desse livre arbítrio, construímos os nossos caminhos e a nossa história de vida: um diamante bruto que teremos que lapidar, precisaremos trabalhar para melhorar sempre e obtermos o merecido valor. Isso consiste em um árduo trabalho de lapidação, um árduo trabalho de entrega, de aceitação, de batalhas internas, descobrimentos, mágoas, traições, indiferenças, invejas e ressentimentos.
Sim, a vida é temperada por todo tipo de sentimentos. Eu diria que 90% constitui-se de transpiração e 10% de inspiração. Todos nós teremos que experimentar e vivenciar sentimentos ora agradáveis e, na grande maioria das vezes, desagradáveis. Mas é dessa maneira que temperamos nossa existência, é dessa maneira que nos tornamos alquimistas e transformamos o chumbo em ouro.
Nossa existência é permeada pelo nosso caráter, pela maneira de conduzirmos a vida tanto nos bons quanto nos maus momentos. A maneira como tratamos o nosso semelhante é de fundamental importância: o bom pensamento, o espírito humanitário, a vontade de fazer o bem e nesse quesito não importa raça, condição social ou nível cultural, somos todos iguais perante DEUS.
São exatamente tais quesitos que irão nos identificar e também identificar as pessoas que andam conosco nessa incrível jornada que se chama VIDA.
Pense nisso.
Muita Paz.

Site: http://somostodosum.ig.com.br/clube/artigos.asp?id=10782&onde=2
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