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Pernicioso Sentimento

Pernicioso Sentimento

Conta-se que um monge eremita viajava através das aldeias, ensinando o bem.
Chegando a noite e estando nas montanhas, sentiu muito frio. Buscou um lugar para se abrigar. Um discípulo jovem ofereceu-lhe a própria caverna. Cedeu-lhe a cama pobre, onde uma pele de animal estava estendida.
O monge aceitou e repousou. No dia seguinte, quando o sol estava radiante e ele deveria prosseguir a sua peregrinação, desejou agradecer ao jovem pela hospitalidade.
Então, apontou o seu indicador para uma pequena pedra que estava próxima e ela se transformou em uma pepita de ouro.
Sem palavras, o velho procurou fazer que o rapaz entendesse que aquela era a sua doação, um agradecimento a ele. Contudo, o rapaz se manteve triste.
Então, o religioso pensou um pouco. Depois, num gesto inesperado, apontou uma enorme montanha e ela se transformou inteiramente em ouro.
O mensageiro, num gesto significativo, fez o rapaz entender que ele estava lhe dando aquela montanha de ouro em gratidão.
Porém, o jovem continuava triste. O velho não pôde se conter e perguntou:
Meu filho, afinal, o que você quer de mim? Estou lhe dando uma montanha inteira de ouro.
O rapaz apressado respondeu: Eu quero o vosso dedo.
A inveja é um sentimento destruidor e que nos impede de crescer.
Invejamos a cultura de alguém, mas não nos dispomos a permanecer horas e horas estudando, pesquisando. Simplesmente invejamos.
Invejamos a capacidade que alguns têm de falar em público com desenvoltura e graça. Contudo, não nos dispomos a exercitar a voz e a postura, na tentativa de sermos semelhantes a eles.
Invejamos aqueles que produzem textos bem elaborados, que merecem destaque em publicações especializadas. No entanto, não nos dispomos ao estudo da gramática, muito menos a longas leituras que melhoram o vocabulário e ensinam construção de frases e imagens poéticas.
Enfim, somos tão afoitos quanto o jovem da história que desejava o dedo do monge para dispor de todo o ouro do mundo, sem se dar conta de que era a mente que fazia as transformações.
Pensar é construir. Pensar é semear. Pensar é produzir.
Vejamos bem o que semeamos, o que produzimos, nas construções de nossas vidas, com as nossas ondas mentais.
No lugar da inveja, manifestemos a nossa vontade de lutar para crescer, com a certeza de que cada um de nós é inigualável. O que equivale a dizer que somos únicos e que ninguém poderá ser igual ao outro.
Cada um tem seus tesouros íntimos a explorar, descobrir e mostrar ao mundo.
Quando pensamos, projetamos o que somos. Pensemos melhor. Pensamento é vida.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 2 do livro Rosângela, pelo Espírito Rosângela, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter e história tibetana extraída do livro Elucidações espíritas, entrevista 5, de Divaldo Pereira Franco, ed. S.E. Joanna de Angelis. Extraído do endereço: http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=2089&stat=0

Tudo é temporário

Tudo é temporário
Kate Weiss

Todos os nossos dias nesta vida são de lições profundas, basta que os analisemos. Hoje mesmo, conversando com uma amiga percebi como alguns acontecimentos mudam esse nosso viver.

Desde o nascimento do meu primeiro filho, eu visitava um médico ginecologista, sempre o mesmo. E também, a mesma dentista, e a mesma manicure.
Tinha o hábito de telefonar todas as semanas aos meus irmãos, à minha mãe, bem só para lhes dizer que o quanto eu tinha hábitos os quais eu não mudava nunca.
Tinha o mesmo número de telefone fixo, e o celular desde que ganhei o primeiro mantive o mesmo número.
Porém num dia desses (o mais triste da minha vida) minha mana Lene foi chamada para o céu, e nos últimos dias dela eu liguei para ela, todos os dias mesmo quando ela fraquinha pelo câncer que a abateu apenas balbuciava com vozinha tênue: Oiii, tudo bem?
Depois deste fato, mudei muito. Nada mais ficou a mesma coisa. Mudei de médico, de dentista, de manicure, já não compro nas mesmas lojas de anos e anos. Já não guardo pequenas coisas pensando: - Ah um dia poderei precisar disso. Já não telefono muito para alguém. Mudei, sim. Mudei muito... até o número do meu telefone fixo e do meu celular.
E foi depois que isso aconteceu, que eu percebi que: nesta vida tudo é temporário, ganha-se , perde-se, adquire-se novas coisas, conhecemos novos profisssionais, conhecemos novas pessoas.
E nem nossos irmãos que imaginávamos estarem para sempre em nossas vidas, que deveriam ficar conosco para sempre. Nem eles são PRA SEMPRE. TUDO É TEMPORÁRIO.

Kate Weiss
http://www.kateweiss.art.br/visualizar.php?idt=1391627

Publicado no Recanto das Letras em 18/01/2009
Código do texto: T1391627
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Martha Medeiros

O Grito
Martha Medeiros


Não sei o que está acontecendo comigo, diz a paciente para o psiquiatra.
Ela sabe.
Não sei se gosto mesmo da minha namorada, diz um amigo para outro.
Ele sabe.
Não sei se quero continuar com a vida que tenho, pensamos em silêncio.
Sabemos, sim.
Sabemos tudo o que sentimos porque algo dentro de nós grita. Tentamos abafar este grito com conversas tolas, elocubrações, esoterismo, leituras dinâmicas, namoros virtuais, mas não importa o método que iremos utilizar para procurar uma verdade que se encaixe nos nossos planos: será infrutífero. A verdade já está dentro, a verdade se impõe, fala mais alto que nós, ela grita.
Sabemos se amamos ou não alguém, mesmo que esteja escrito que é um amor que não serve, que nos rejeita, um amor que não vai resultar em nada. Costumamos desviar este amor para outro amor, um amor aceitável, fácil, sereno. Podemos dar todas as provas ao mundo de que não amamos uma pessoa e amamos outra, mas sabemos, lá dentro, quem é que está no controle.
A verdade grita. Provoca febres, salta aos olhos, desenvolve úlceras. Nosso corpo é a casa da verdade, lá de dentro vêm todas as informações que passarão por uma triagem particular: algumas verdades a gente deixa sair, outras a gente aprisiona. Mas a verdade é só uma: ninguém tem dúvida sobre si mesmo.
Podemos passar anos nos dedicando a um emprego sabendo que ele não nos trará recompensa emocional. Podemos conviver com uma pessoa mesmo sabendo que ela não merece confiança. Fazemos essas escolhas por serem as mais sensatas ou práticas, mas nem sempre elas estão de acordo com os gritos de dentro, aquelas vozes que dizem: vá por este caminho, se preferir, mas você nasceu para o caminho oposto. Até mesmo a felicidade, tão propagada, pode ser uma opção contrária ao que intimamente desejamos. Você cumpre o ritual todinho, faz tudo como o esperado, e é feliz, puxa, como é feliz. E o grito lá dentro: mas você não queria ser feliz, queria viver!
Eu não sei se teria coragem de jogar tudo para o alto.
Sabe.
Eu não sei por que sou assim.
Sabe.


Martha Medeiros
"O grito" texto publicado no livro Montanha Russa.

Por que se calam

Por que se calam




"Quando a linguagem é simples ou até supérflua, porque o sentimento é real, podemos escutar a alma do outro na sua respiração"


A dificuldade de comunicação nos relacionamentos me fascina. A palavra não dita quando deveríamos ter falado, a palavra negada quando falar teria sido importante. O drama está em que, nos dois casos, a gente não sabia. Se adivinhava, não conseguiu agir. Os amantes a que me refiro – também num livro sobre o tema, que acaba de sair – não são apenas o casal amoroso, mas quaisquer pessoas ligadas (ou supostamente ligadas) por afeto. Isso inclui a família, meu tema recorrente: lá nem sempre reinam o afeto e o respeito.


Alguém pode cobrar: "Aquela vez, naquele lugar, você me disse isso, e até hoje me dói". A gente pensa, repensa, mas não se lembra: "O que foi, quando foi? Eu jamais teria dito isso, sobretudo se ia te ferir". Mas o outro insiste na sua dor. A incomunicabilidade é quase um estado habitual de muitas pessoas: como nascer com algum defeito físico do qual não se tem culpa, mas que chateia ou atormenta. Saber se comunicar, no trabalho, no cotidiano e na vida pessoal, é uma dádiva. Abre portas e janelas, promove generosidade e acolhimento. Mas é raro. Em geral somos enrolados, somos tímidos, guardamos velhas mágoas ou somos arrogantes, outra face da insegurança e do medo.


Trágicos desencontros podem nascer de situações aparentemente simples: pessoas comuns em sua vida sem graça, durante anos e anos de convívio sem grande conflito, pensam estar tudo bem. Então, sem nenhum sinal, uma palavra sequer, irrompe a violência, que pode ser física, ou moral, como uma traição. Uma insatisfação que já não se deixa controlar. O ressentimento explode como um vulcão de lama. Ou alguém comete a mais traiçoeira e punitiva das ações: mata-se um marido, uma mãe, um filho adolescente. Para o sempre do sempre, o peso da culpa permanece sobre os demais. Em que momento ele quis pedir ajuda e não percebi? Quando ela pensou em se abrir comigo, mas eu estava com pressa? Ontem, ainda, ele jogava bola comigo, e hoje vem a notícia de que se enforcou: o que eu poderia ter feito? A resposta pode ser um silêncio maligno que não vai se calar nunca mais.


Mas existe também o silêncio bom, que, em lugar de erguer muros, abre espaços. É a não-necessidade de falar, entre pessoas seguras do seu carinho mútuo. Elas ficam perfeitamente felizes sentadas juntas, cada uma lendo seu livro, seu jornal, fazendo seu trabalho. De vez em quando uma palavra, um gesto de afeto, e ao redor delas abre-se um círculo de harmonia. Na vida nem tudo é sofrimento, esterilidade e solidão. A dor faz parte, mas há momentos de magia para todos. Da pessoa mais simples ao mais refinado intelectual, qualquer um pode descobri-los, ou persegui-los, quando a correria, os compromissos, as pressões lhe derem um pouco de paz. Ou ela terá de ser conquistada usando-se garras, dentes, cotovelos.
Quando a linguagem é simples ou até supérflua, porque o sentimento é real e assim entendido, podemos escutar a alma do outro na sua respiração. Todo ruído, toda agitação, e até mesmo a fala, serão secundários. Os amantes não vão se calar por mágoa ou impotência, mas por que algo os expressa melhor do que as mais contundentes palavras.

Lya Luft é escritora
Revista VEJA * Edição 2060 * Ponto de vista: Lya Luft

Desculpe, foi engano

Desculpe, foi engano

Você já fez, algum dia, uma ligação telefônica para um número que não era o desejado?
Certamente, sim, pois isso é muito comum.
E o que você costuma dizer numa situação dessas? Provavelmente pede desculpas pelo engano, ou desliga o telefone assim que ouve a voz que lhe atende.
Mas também é muito provável que você já tenha atendido uma ligação em que alguém, do outro lado da linha, tenha dito: Desculpe, foi engano. E o que você diz, nesses casos?
Infelizmente, há muita falta de tolerância para com esse tipo de equívoco, cometido por um número expressivo de criaturas.
O comum é se ouvir o telefone batendo com violência, ou reprimendas e palavrões ditos por aqueles que atendem a um telefonema indesejado do senhor engano.
E isso acontece porque a pessoa que assim age conta com o anonimato, pois se alguém lhe bate à porta da casa, por engano, provavelmente não age dessa forma.
No entanto, há casos belíssimos de telefonemas feitos aparentemente por engano, e que tiveram um desfecho inesperado.
É o caso de um jovem rapaz que, há algum tempo, foi acordado pela campainha do telefone, por volta das quatro horas da madrugada.
Ele atendeu e percebeu que a moça que falava do outro lado da linha, tinha a voz entrecortada pelas lágrimas e estava visivelmente transtornada.
Ouviu, por alguns instantes, e notou que era engano, pois a jovem nem o deixou falar e já começou a fazer considerações como se estivesse falando com outra pessoa.
Avisava-o que, por causa do seu comportamento, por tê-la abandonado quando soube da gravidez indesejada, havia tomado uma super dose de comprimidos, com a intenção de se suicidar.
O moço procurou informá-la, com muito jeito, de que ela não estava falando com a pessoa que desejava, mas talvez tivesse ligado para a pessoa certa.
A voz da moça estava cada vez mais fraca, suas forças estavam se esvaindo, mas o rapaz procurou manter o diálogo até saber o seu nome e endereço.
Assim que desligou o telefone, providenciou o socorro, indicando aos médicos o endereço e também o que havia ocorrido.
Algum tempo depois, estava o jovem rapaz pregando em seu templo religioso, quando percebeu uma moça chegar timidamente e sentar-se ao fundo da sala.
Ao terminar a palestra, alguém lhe apresentou a jovem dizendo que ela estava à sua procura.
Ela se apresentou e disse que era a moça do telefonema por engano, daquela madrugada amarga.
Falou-lhe que o socorro chegou a tempo de salvá-la e que estava ali para lhe agradecer...
Para lhe agradecer por não ter desligado o telefone quando percebeu que era engano, mesmo tendo seu sono perturbado em plena madrugada...
Por ter ouvido seus xingamentos iniciais com tolerância e ainda lhe oferecer palavras de esperança, naquele momento de desespero...
Por ter-lhe dito que o suicídio, além de não pôr fim à vida, ainda agrava os problemas.
E, finalmente, agradecer-lhe por estar viva naquele momento, ela e seu filho por nascer, e poder ouvir novamente suas palavras de consolo e esclarecimento, acerca das leis que regem a vida.
Pense nisso!
Ao atender um telefonema indesejado, procure ser gentil. Geralmente a pessoa que se engana está atribulada, e não faz de propósito.
E, se porventura você se der conta de que ligou para o número errado, desculpe-se com educação.
Considere que, em tudo o que lhe acontece na vida, você sempre pode tirar a melhor lição.

Redação do Momento Espírita, com base em fato.http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=2073&stat=0

Lidando com a Frustração

Lidando com a Frustração

Desde que nascemos, aprendemos que nem tudo o que desejamos acontece. Porém, muitos de nós, apesar de crescidos, formados em vários cursos e faculdades, tendo até morado fora do país e vivenciado casamentos e separações, ainda continuam agindo como crianças mimadas que não podem receber um não como resposta. Infelizmente a vida é cheia de "nãos".

O sentimento de frustração não é nada fácil. Passamos por isso quando queremos namorar alguém e esse alguém não nos deseja, quando queremos passar num concurso e não alcançamos a nota necessária, quando queremos que nosso filho se comporte de uma maneira que achamos adequada e ele não nos ouve, quando queremos um emprego novo e ele não aparece... ou mesmo nas coisas simples que dão errado quando -por exemplo-, perdemos o horário do cinema ou levamos uma fechada no trânsito. As situações podem ser banais ou de fato estarem carregadas de significado, mas a energia da contrariedade e da raiva por nossos intentos não darem certo nasceu da mesma fonte: o nosso ego.

Amigo leitor, não pense que sou contra o ego ou que vou dizer que devemos nos inspirar num ser de luz como Madre Tereza e imaginar que não devemos nos abalar com as contrariedades da vida, porque essa seria a situação ideal, uma sublimação de nossa personalidade e uma visão profunda e constante como alguém verdadeiramente espiritualizado deve ter. Mas não somos assim. Pelo menos por enquanto, somos pessoas comuns que em alguns momentos encontram maior equilíbrio e que em outras horas sofrem, se desconcertam e perdem a razão.

Ficar com raiva é natural, sentir um sufoco no coração e falar um monte de inconveniências e depois se arrepender também. O que não é normal é continuar nesta vibração e acolher a raiva como consolo e a vingança como alivio, porque essas energias geram muita dor, causam doenças e não permitem a nossa evolução. Isso sem falar nos espíritos que se ligam à nossa infelicidade para nos cobrar erros do passado e do presente.

Muitas situações podem ser encaradas como testes na nossa evolução e dependendo das nossas atitudes podem simplesmente serenar e ficar tudo tranqüilo.

Ângela chegou até mim com a indicação de um profissional de saúde.

Moça jovem e bonita, no auge dos seus vinte e seis anos resolveu morar sozinha e estava sofrendo muito para bancar sua decisão. Longe dos pais há mais de um ano não estava conseguindo fechar suas contas no final do mês, porém não queria voltar a viver com a família, porque considerava essa atitude o mesmo que andar para trás. Tudo isso ela me contou depois da sessão de Vidas Passadas que mostrou uma existência em que ela foi um jovem nascido entre pessoas muito simples da roça, que saiu de casa em busca de fortuna e liberdade, sendo que depois de muito sofrimento terminou por retornar ao convívio familiar; mas nunca mais viu os pais, que já tinham morrido...

A família às vezes nos traz muita frustração; amigos, então, é melhor nem comentar... Nosso desempenho profissional sem reconhecimento também gera frustração porque nada disso depende apenas de nós, de nosso empenho em fazer o certo, nem do nosso desejo de obter resultados. Assim, as frustrações são desafios constantes que podem levar à depressão, num estado lastimável gerado pela contrariedade. Mas o que podemos mudar em tudo isso?

Ângela sofria sobremaneira, encontrando-se exatamente neste impasse. - "Não sei o que fazer, estou cheia de dívidas e não consigo mudar de emprego. Faço as entrevistas, chego na boca do emprego e a vaga fica para uma outra pessoa", disse ela num desabafo.

Sugeri que ela pensasse em voltar ao convívio com a família, porque felizmente ela tinha uma família sadia e este laço é muito importante na vida das pessoas. Todos nós por, mais difíceis que sejam as relações, sempre tiramos referências da nossa família e espiritualmente aprendemos que não estamos juntos por acaso e sim por um comprometimento espiritual e para termos uma troca de experiências.

Sei que a minha sugestão não representava algo fácil porque todo jovem quer sua liberdade e voltar atrás num caminho exige uma boa dose de humildade, mas devemos lembrar que humildade não significa se humilhar, se tornar inferior e que nem mesmo deveria ser um sacrifício. Voltar atrás nesse caso poderia inclusive ser um ato de sabedoria e amor-próprio. Por que ficar frustrada e cheia de dívidas se a vida poderia ser bem mais fácil?

Tudo muda com a maneira pela qual encaramos os problemas. Todos os dias a vida nos traz experiências e escolhas que podem ser lições transformadoras ou focos de dor e tristeza. Você pode escolher não sofrer mudando a forma de encarar os fatos.

Boa sorte!

Confira os ensinamentos e meditações curativas que Maria Silvia ensina participando de um dos seus grupos.Venha participar do seu Grupo de Meditação Dinâmica que acontece todas as quartas-feiras no seu espaço em São Paulo. Venha ouvir pessoalmente as canalizações.

Texto revisado por: Cris

por Maria Silvia Orlovas - morlovas@terra.com.br
Maria Silvia Orlovas é uma forte sensitiva que possui um dom muito especial de ver as vidas passadas das pessoas à sua volta e receber orientações dos seus mentores.
E-mail:morlovas@terra.com.br
Visite o Site do autor

Texto no site: http://somostodosum.ig.com.br/clube/c.asp?id=16233

Martha Medeiros

Sem medo de perder
Martha Medeiros

Chega o final de ano, e a gente se projeta pro futuro de uma forma um pouco vacilante: por um lado, nosso espírito está voltado para a renovação, para investir em planos inéditos, combater nossas carências. É como se pudéssemos, de um dia para o outro, zerar o que foi vivido e nascer de novo.

Por outro lado, temos dificuldade em dar essa zerada, porque isso significaria abrir mão de algumas coisas, libertar-se do que não está dando certo, e o desapego não é uma prática corriqueira entre nós. O ideal seria que o novo ano nos recebesse de portas escancaradas para que passássemos com toda nossa bagagem, porém a porta não é tão escancarada assim. Não dá pra trazer tudo com você. Principalmente se você está tão repleto de desejos novos. Para que possamos receber o novo, é preciso deixar pra trás desejos antigos, sonhos frustrados. É preciso estar disposto a perder.

Foi lendo uma crônica do psicanalista Contardo Calligaris, de dezembro de 2005, que me deu o estalo: como é que eu vou abrir espaço para novos acontecimentos e emoções na minha vida se não consigo me despedir do que acumulei no passado?

Adeus ano velho. Foi ótimo, foi péssimo, foi fácil, foi difícil, me dei bem, me machuquei, teve de tudo. As emoções boas naturalmente irão se acomodar na minha mochila e vir comigo, e o que foi ruim pode ser transformado em aprendizado e vir também, mas alguma coisa terá que ficar pelo caminho. É como doar as roupas que já não usamos para poder liberar as gavetas.

Vale pra todos os setores da vida. Algumas pessoas desejam uma nova perspectiva profissional, mas em vez de dar um basta para o trabalho que já não serve, relutam em dispensá-lo e os prognósticos de novidade não se cumprem. Há os que querem parar de fumar, parar de engordar, parar de beber, mas pra isso terão que abrir mão de algo difícil de abandonar: o imenso prazer que certos maus hábitos proporcionam.

E tem as relações afetivas e amorosas que já não correspondem ao esperado. Você não vê mais graça em brigar, não quer se acostumar com a dor, com as agressões que o coração sofre, mas como deixar o ringue depois de tudo o que foi investido, de tanto sentimento que não foi inventado, mas que existiu de fato? Pra responder a essa questão e deixar como mensagem de fim de ano, volto a Contardo Calligaris, que encerrou aquela sua crônica de 2005 com uma frase que serve para os finais de todos os dezembros da nossa vida:

“Meus votos para todos: um Ano-Novo sem medo de perder”.

Site: Zero Hora 31/12/2008 e 01/01/2009 N° 15835http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a2352465.xml&template=3916.dwt&edition=11412&section=1006

Foto: Vieirinha

Martha Medeiros

Doidas e santas
Martha Medeiros


"Estou no começo do meu desespero /e só vejo dois caminhos: /ou viro doida ou santa". São versos de Adélia Prado, retirados do poema A Serenata. Narra a inquietude de uma mulher que imagina que mais cedo o ou mais tarde um homem virá arrebatá-la, logo ela que está envelhecendo e está tomada pela indecisão - não sabe como receber um novo amor não dispondo mais de juventude. E encerra: "De que modo vou abrir a janela, se não for doida? Como a fecharei, se não for santa?".


Adélia é uma poeta danada de boa. E perspicaz. Como pode uma mulher buscar uma definição exata para si mesma estando em plena meia-idade, depois de já ter trilhado uma longa estrada onde encontrou alegrias e desilusões, e tendo ainda mais estrada pela frente? Se ela tiver coragem de passar por mais alegrias e desilusões - e a gente sabe como as desilusões devastam - terá que ser meio doida. Se preferir se abster de emoções fortes e apaziguar seu coração, então a santidade é a opção. Eu nem preciso dizer o que penso sobre isso, preciso?


Mas vamos lá. Pra começo de conversa, não acredito que haja uma única mulher no mundo que seja santa. Os marmanjos devem estar de cabelo em pé: como assim, e a minha mãe???


Nem ela, caríssimos, nem ela.


Existe mulher cansada, que é outra coisa. Ela deu tanto azar em suas relações que desanimou. Ela ficou tão sem dinheiro de uns tempos pra cá que deixou de ter vaidade. Ela perdeu tanto a fé em dias melhores que passou a se contentar com dias medíocres. Guardou sua loucura em alguma gaveta e nem lembra mais.


Santa mesmo, só Nossa Senhora, mas cá entre nós, não é uma doideira o modo como ela engravidou? (não se escandalize, não me mande e-mails, estou brin-can-do).


Toda mulher é doida. Impossível não ser. A gente nasce com um dispositivo interno que nos informa desde cedo que, sem amor, a vida não vale a pena ser vivida, e dá-lhe usar nosso poder de sedução para encontrar "the big one", aquele que será inteligente, másculo, se importará com nossos sentimentos e não nos deixará na mão jamais. Uma tarefa que dá para ocupar uma vida, não é mesmo? Mas além disso temos que ser independentes, bonitas, ter filhos e fingir de vez em quando que somos santas, ajuizadas, responsáveis, e que nunca, mas nunca, pensaremos em jogar tudo pro alto e embarcar num navio-pirata comandado pelo Johnny Depp, ou então virar uma cafetina, sei lá, diga aí uma fantasia secreta, sua imaginação deve ser melhor que a minha.


Eu só conheço mulher louca. Pense em qualquer uma que você conhece e me diga se ela não tem ao menos três dessas qualificações: exagerada, dramática, verborrágica, maníaca, fantasiosa, apaixonada, delirante. Pois então. Também é louca. E fascina a todos.


Todas as mulheres estão dispostas a abrir a janela, não importa a idade que tenham. Nossa insanidade tem nome: chama-se Vontade de Viver até a Última Gota. Só as cansadas é que se recusam a levantar da cadeira para ver quem está chamando lá fora. E santa, fica combinado, não existe. Uma mulher que só reze, que tenha desistido dos prazeres da inquietude, que não deseje mais nada? Você vai concordar comigo: só sendo louca de pedra.


Site: Zero Hora
04 de maio de 2008 N° 15591http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a1847833.xml&template=3916.dwt&edition=9787&section=78
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