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Repensando a vida

Repensando a Vida
Neide Salles

Repensar a vida consiste em rever valores.
Receber o inevitável serenamente,
Depositar ao leito do regato antigos pudores,
Aceitar o que a vida nos reserva inteiramente.
É existir sem temor de ser feliz.
É padecer e abrigar a angústia da alma
Tendo ciência que somos meros aprendizes.
Intentar não perecer, mantendo a calma.
Rebuscando meu baú encontrei registros
Induziram-me a repensar quantos atos impensados.
De que adiantou tanta vigilância? Tudo era sinistro.
Não tive muitas opções, aceitei meus fardos.
O temor... a dor foi inevitável.
Girei entre a loucura e a sanidade,
Gritei por paz, por amor inesgotável.
Repensando a vida... grito por serenidade.
Imagem: Quadro de Salvador Dali - Solitude, 1931

O moço velho

O moço velho (1973)
Roberto Carlos
Composição de Silvio César

Eu sou um livro aberto sem histórias
Um sonho incerto sem memórias
Do meu passado que ficou

Eu sou um porto amigo sem navios
Um mar, abrigo a muitos rios
Eu sou apenas o que sou

Eu sou um moço velho
Que já viveu muito
Que já sofreu tudo
E já morreu cedo

Eu sou um velho moço
Que não viveu cedo
Que não sofreu muito
Mas não morreu tudo

Eu sou alguém livre
Não sou escravo e nunca fui senhor
Eu simplesmente sou um homem
Que ainda crê no amor

Eu sou um moço velho
Que já viveu muito
Que já sofreu tudo
E já morreu cedo

Eu sou um velho, um velho moço
Que não viveu cedo
Que não sofreu muito
Mas não morreu tudo

Eu sou alguém livre
Não sou escravo e nunca fui senhor
Eu simplesmente sou um homem
Que ainda crê no amor

Copyright © 1973 Irmãos Vitale

Álbum: A Cigana, 1973

Assim a vida nos afeiçoa

Assim a vida nos afeiçoa
Manuel Bandeira

Se fosse dor tudo na vida,
Seria a morte o sumo bem.
Libertadora apetecida,
A alma dir-lhe-ia, ansiosa: - Vem!
...
E a vida vai tecendo laços,
Quase impossíveis de romper:
Tudo que amamos são pedaços
vivos de nosso próprio ser

A vida assim nos afeiçoa,
Prende. Antes fosse toda fel!
Que ao mostrar às vezes boa,
Ela requinta em ser cruel...

Martha Medeiros

"Pedaços de mim"
Martha Medeiros

Eu sou feito de
Sonhos interrompidos
detalhes despercebidos
amores mal resolvidos

Sou feito de
Choros sem ter razão
pessoas no coração
atos por impulsão

Sinto falta de
Lugares que não conheci
experiências que não vivi
momentos que já esqueci

Eu sou
Amor e carinho constante
distraída até o bastante
não paro por instante

Tive noites mal dormidas
perdi pessoas muito queridas
cumpri coisas não-prometidas

Muitas vezes eu
Desisti sem mesmo tentar
pensei em fugir,para não enfrentar
sorri para não chorar

Eu sinto pelas
Coisas que não mudei
amizades que não cultivei
aqueles que eu julguei
coisas que eu falei

Tenho saudade
De pessoas que fui conhecendo
lembranças que fui esquecendo
amigos que acabei perdendo
Mas continuo vivendo e aprendendo.

Um Natal para reflexão

Um Natal para reflexão
Texto publicado na Revista Veja - Ponto de vista: Lya Luft.
Edição 1988. 27 de dezembro de 2006.

"No reduto de nossa casa, dos abraços sinceros, das memórias comovidas, dos bons projetos e do derradeiro otimismo, este é um Natal para repensar muita coisa”.

Há dois Natais em cada um de nós: o que sonha e o que sofre, o que concilia e o que corrói, o que se aflige e o que celebra, o que descrê e o que espera, o que cobre a cabeça para não ver e o que fala alto, claro e com fervor. Por acaso – eu, que pouco acredito em acasos – esta coluna vai sair na véspera da véspera de Natal: tema espinhoso, pois há os que cultuam, os que detestam, os que ignoram, os que ficam melancólicos, e todos precisam ser respeitados, todos no mesmo barco da alegria ou do susto, e da geral perplexidade sobre o que fazer, como fazer, quando começar a fazer. Fazer o quê? Refletir, mudar, gritar, amar, comprar ou vender, esperar, talvez morrer. Escrever, no meu caso. Sobre mim, sobre o mundo, sobre este estranho país de contrastes, de desencontros e desencantos, de rala e rara esperança.

Não aprecio a torre de marfim da estética e da emoção, em que se pretende que a realidade não nos diga respeito: diz respeito, sim, pois acredito que cada cidadão é senhor, é mestre em assuntos de seu país. Tem o doutorado da dura experiência, das contas a pagar, do emprego a conseguir, dos líderes cínicos e decepcionantes, dos filhos a criar, da saúde a desejar, da esperança a manter, apesar de tudo. No território da realidade concreta, aparentemente nossa resignação precisa começar a criar seus limites: bom presente de Natal para cada pessoa que pensa. Bradar em vez de sussurrar; olhar de frente em lugar de se esconder.

Andamos demais acomodados, todo mundo reclamando em voz baixa como se fosse errado indignar-se. Sem ufanismo, que dele estou cansada, sem dizer que este é um país rico, de gente boa e cordata, com natureza (a que sobrou) belíssima e generosa – sem fantasiar nem botar óculos cor-de-rosa que o momento não permite, eu me pergunto o que anda acontecendo com a gente. Tenho medo disso que nos tornamos ou em que estamos nos transformando, achando bonita a ignorância eloqüente, engraçado o cinismo bem-vestido, interessante o banditismo arrojado, normal o abismo em cuja beira nos equilibramos – não malabaristas, mas palhaços.

Saúde, educação, cultura, estradas, ferrovias, aviação estão numa decadência nunca vista, sem falar na honradez de nossos homens públicos. Líderes mentem e se desmentem, acobertam-se, insultam-se, à vista de todos se comprometem com a corrupção e os mais variados escândalos! Tudo normal, como o império macabro da violência que nos faz correr nas ruas feito ratos amedrontados, fechados em casa à noite devido à guerra civil, felizes se nenhuma das pessoas que amamos foi assaltada e morta naquele dia.

Dormimos no chão dos aeroportos, contentes quando nosso avião afinal chega salvo ao seu destino, enquanto se fazem mais cortes nesse setor e em muitos outros, para poder pagar o fantástico salário de deputados e senadores: as coisas por aqui são assim mesmo, por que se incomodar?

Tudo isso, e muito mais, acontecer com tamanha naturalidade é péssimo sinal. Mas como nem tudo são horrores, também existem os amigos que não nos decepcionam, os amores que nos fundamentam, os batalhadores e os idealistas, os conciliadores que nos fazem acreditar em harmonia mais do que em desagregação e rancor, no futuro mais do que no duvidoso presente. Houve no público e no pessoal realizações e até decência, e é bom lembrar disso para que a gente recupere a vergonha, abra braços mais generosos, endireite a espinha da dignidade e adoce a voz de todos os amores.

Para os que acreditam e os que apenas gostariam de acreditar em alguma religião, em algumas pessoas, em alguma nobreza, em alguma esperança, em si mesmos ou em sua família, este é um momento de parar, pensar, escutar e enxergar dentro e além dos limites pessoais e dos fatos com os quais corremos o perigo de nos resignar. No reduto de nossa casa, dos abraços sinceros, das memórias comovidas, dos bons projetos e do derradeiro otimismo, este é um Natal para repensar muita coisa, e prestar mais atenção no que está havendo dentro e fora de nós: indagando, de verdade, em que pessoas estamos nos tornando, que futuro estamos preparando, que país, que ordem, que progresso, que bem-estar, que segurança, que esperanças criamos neste quase fim de 2006.
Ilustração Atômica Studio

Sonhos e Milagres

Sonhos e Milagres
Floriano Serra

Acredite: tudo é possível para quem pratica o milagre de ainda sonhar.

Para que você me entenda, eu só preciso que você acredite que sonhar é bom e que milagres existem.

Eu só preciso que você acredite que, porque estamos nos aproximando do Natal, coisas maravilhosas acontecem quando e de quem a gente menos espera. Tudo o que você tem a fazer é acreditar que sonhar é bom e que milagres existem – principalmente em dezembro, que é o mês do Natal.

Acredite que durante todo o mês de dezembro, ao chegar no trabalho, você vai ser recebido pelos colegas com os braços abertos e um largo e sincero sorriso estampado no rosto de cada um deles.

Acredite que até os colegas mau-humorados vão descobrir o prazer da gargalhada e, a partir de dezembro, vão tentar recuperar o tempo perdido de cara feia.

Acredite que, em dezembro, seu chefe vai lhe dar um feedback bastante sincero e altamente motivador a respeito do seu desempenho, com muitas palavras de estímulo e nenhuma de crítica ou de ironia.

Acredite que, nas organizações, em dezembro, o preconceito será coisa do passado e ninguém deixará de ser aceito numa empresa por causa da idade, da cor, do sexo ou da aparência.

Também acredite que, em dezembro, a você será permitido administrar seu tempo de forma a que você equilibre trabalho com vida pessoal e, assim, possa desfrutar mais da família e dos amigos, sem prejuízo da sua produtividade.

Em dezembro, sua auto-estima no trabalho será intocável em qualquer empresa em que você esteja. E, assim, você será tratado com o merecido respeito, justiça e afetividade. Justamente por isso, no mês de dezembro, lágrimas no trabalho só acontecerão se nascidas de boas emoções. Acredite nisso.

Neste mês de dezembro, todos os profissionais de todas as empresas e de todos os níveis hierárquicos dar-se-ão as mãos e, de uma vez por todas, provarão ao mercado que é possível um trabalho de equipe movido pela alegria e pela fraternidade – que alguns chamarão de motivação.

Talvez o maior milagre dentre todos os maravilhosos milagres que acontecerão no mês de dezembro, será a descoberta que as pessoas e empresas farão quanto ao verdadeiro sentido da vida e do trabalho. Descobrirão, em dezembro, que vida e trabalho têm uma razão muito maior de ser, um transcendente propósito de vida, muito mais significativo que o simples mecanismo de produzir e vender bens e serviços.

E se você estiver desempregado em dezembro, não se desespere. O desespero nunca ofereceu melhores soluções que a perseverança e a fé. As coisas acontecem na hora certa para cada pessoa, ainda que às vezes pareçam estar demorando demais para acontecer. Acredite firmemente que em algum lugar há uma nova missão à sua espera e que em breve você será chamado.

Enfim, se você acredita mesmo que sonhar é bom e que milagres existem, faça a sua parte para que esses sonhos se realizem e para que esses milagres aconteçam.

Não importa o que, onde e quanto você poderá fazer, mas certamente, em dezembro, algo você poderá fazer, à sua maneira e dentro das suas possibilidades.

Juntos, poderemos provar que sonhos e milagres podem acontecer nas empresas todos os dias do ano – e não só em dezembro, porque é Natal. Basta que cada um de nós transforme em Natal todos os dias do ano, em todos os meses, ainda que o calendário insista em nos dizer que é Páscoa, São João ou Carnaval.

Acredite: tudo é possível para quem pratica o milagre de ainda sonhar.

Floriano Serra é psicólogo, diretor de RH e Qualidade de Vida da APSEN Farmacêutica, autor do livro “A Terceira Inteligência” (Butterfly Editora).
E-mail:
florianoserra@terra.com.br

Idade Rabugenta e Juventude

Idade Rabugenta e Juventude
William Shakespeare

Idade rabugenta e juventude não podem viver juntas:
Juventude é cheia de prazer, idade é cheia de cuidados;

Juventude gosta das manhãs de verão, envelheça como tempo de inverno,
Juventude gosta de verão valente, a idade gosta de invernos desguarnecidos:

Juventude está cheia de esportes, a respiração da idade é pequena;
Juventude é ágil, idade é manca:

Juventude é impetuosa e audaz, idade é fraca e fria,
Juventude é selvagem, e idade é dócil.

Idade, eu te detesto, juventude, eu te adoro;
O! meu amor, meu amor é jovem: idade, eu te desafio:

O! doce pastor, apresse-te,
Pois creio que permanecestes tempo demais.

As Chuvas dos Olhos

"Tens o direito de chorar, mas mesmo entre lágrimas não tens o direito de renunciar à alegria."

Michel Quoist


As Chuvas dos Olhos
Chove.
Na fonte das águas, chove.
Na fronte das lágrimas do pretérito calado.
Lavando a chuva dos olhos cansados.
Chovendo nos mares, nos mares amados.”
Há quanto tempo você não chora?
Há quanto tempo seus olhos não são inundados por lágrimas, por estas pequenas gotas que parecem nascer em nosso coração? Há quanto tempo?
Assim como o fenômeno natural da precipitação atmosférica, a chuva, realiza o trabalho de purificar a terra, a água e o ar, também nossas lágrimas têm tal função.
A de limpar nosso íntimo, a de externar nossas emoções, sejam elas de alegria ou de pesar.
Precisamos aprender a expressar nossos sentimentos.
Nossa cultura possui conceitos arraigados, como o de que “homem não chora”, ou que “é feio chorar”, que surgem em nossas vidas desde quando crianças, na educação familiar, e acabam por internalizarem-se em nossa alma, continuando a apresentar manifestações na vida adulta.
Sejamos homens ou mulheres na Terra, saibamos que todos rumamos para a busca da sensibilidade, do autodescobrimento, e da expressão de nossos sentimentos.
Tudo que deixarmos guardado virá à tona, cedo ou tarde.
Se forem bons os sentimentos contidos, estaremos perdendo uma oportunidade valiosa de trazê-los ao mundo, melhorando nossas relações com o próximo e conosco mesmo.
Se forem sentimentos desequilibrados, estaremos perdendo a chance de encará-los, de analisá-los, e de tomar providências para que possam ser erradicados de nosso interior.
As barreiras que nos impedem de nos emocionar, de chorar, são muitas vezes as mesmas que nos fazem pessoas fechadas e retraídas.
Barreiras que carecemos romper, para que nossos dias possam ser mais leves, mais limpos, como a atmosfera que recebe a água da chuva, e nela encontra sua purificação.
As chuvas dos olhos fazem um bem muito grande.
Desabafar, colocar para fora o que angustia nosso íntimo, ou o que lhe dá alegria, é um exercício precioso. Um hábito salutar.
Dizer a alguém o quanto o amamos, quando este sentimento surgir em nosso coração – mesmo sem um motivo especial -, será sempre uma forma de fortalecimento de laços.
De construção de uma união mais feliz, e principalmente, um recurso para elevarmos nossa auto-estima, nosso auto-amor.

* * *

Deus nos concedeu a chuva para regar os campos, para tornar mais puro o ar.
Também nos presenteou com as lágrimas, para que as nossas paisagens íntimas pudessem ser regadas, e para que os ares do Espírito encontrassem a pureza.

Autor: Redação do Momento Espírita.
http://www.reflexao.com.br/mensagem_ler.php?idmensagem=539

Um Natal Diferente

Um Natal diferente
Sílvia Schmidt

Eu te desejo um Natal diferente.

Que os abraços apertados não sejam questão de
data, mas de sinceridade e de transparente amor.

Que os presentes dados e recebidos não contenham obrigação,
mas leveza de coração.

Que as bênçãos da meia-noite não dependam de 1 minuto,
mas que venham para a vida toda.

Que a ceia não seja só de alimentos com bom tempero,
mas que tenha muitas pitadas de bons pensamentos.

Que a família, por maior ou menor que seja,
não apenas celebre a data com os melhores vinhos,
mas que celebre também os sagrados laços de sangue.

Que a árvore não esteja predestinada a ser lançada ao lixo
após as Festas, mas que seja tão bem conservada quanto as
mais verdes esperanças.

Que o presépio não só represente o nascimento de Jesus,
mas também o renascimento da criança amorosa e inocente
que ainda vive em ti.

Eu te desejo um Natal diferente, e esse desejo vai a ti como
um presente.

FELIZ NATAL!
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