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Os padrões de beleza em xeque

SEM RETOQUES
Os padrões de beleza em xeque
Fotografia foi tema da colunista Martha Medeiros e provocou polêmica entre leitores de Zero Hora

Uma dobrinha de gordura vem provocando um debate ao redor do mundo sobre relações entre corpo e imagem – com a participação animada também dos homens, que em tese não se importam com isso.

A dobrinha em questão é a da modelo Lizzie Miller, que figura em uma imagem discreta na página 194 da revista de moda Glamour, com uma barriguinha que foge do padrão subsaariano exigido das atuais modelos – e tem sido elogiada justamente por isso.

A foto foi tema da colunista de ZH Martha Medeiros na edição de ontem e provocou uma enxurrada de comentários no blog da escritora e um grande número de e-mails.

– O que me impressionou foi a grande quantidade de homens que escreveram para dizer que se espalhou uma ideia falsa de que eles exigem mulheres perfeitas. Acho ótima essa discussão, levantada pela imagem de uma garota linda, confortável com ela mesma e com uma imagem saudável – disse Martha.

A garota em questão – 20 anos, 1m79cm e 79 quilos – declarou em entrevista ao jornal britânico The Guardian que se entristece por ser qualificada como modelo “tamanho grande”.

– Praticamente toda foto em revista ou anúncio é manipulada... Não acho que o público entenda quanta fumaça e espelhos são utilizados para fazer as mulheres ficarem daquele jeito – disse a modelo.

Alguns comentários aprovaram a valorização de um corpo mais “real” em um editorial de moda. Outros apontaram que a barriguinha talvez fosse muito grande para alguém de apenas 20 anos.

O fato é que a discussão sobre o tem sido recorrente, e o exemplo de Lizzie é só o mais recente em uma cadeia de experimentações que fogem do padrão esguio/famélico da indústria do visual.

Em abril, a edição francesa da revista Elle reuniu em um ensaio atrizes e modelos europeias como Sophie Marceau, Monica Bellucci, Eva Herzigova, Charlotte Rampling e Anne Parilaud, todas sem maquiagem ou retoques no programa Photoshop – iniciativa que teve grande repercussão.

– Costumo dizer que essas moças são operárias da moderna indústria da imagem, asfixiadas pela exigência do mercado que representam. Assim como o operário do modelo capitalista industrial era a massa de músculos exaurida por horas, a indústria da moda opera com a mesma lógica hoje com a magreza – diz Ana Clara Torres Ribeiro, socióloga e professora da UFRJ.
ZERO HORA.com

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